Minha inércia, meu sofrimento..
Quebram as formas do sono
Com as ideias em movimento
Longe está meu pensamento
O Sofrimento é medonho!
Já não há lágrimas...secaram
Nem grito, meus lábios soltam...
Os meus sonhos acabaram
Nada mos trará de volta
Apenas sinto uma enorme Revolta!
A Esperança que me falava
Às vezes ao meu ouvido
Tem lábios brancos de medo
Dizem coisas sem sentido...
Fecho os olhos com Saudade
Tristeza é meu alimento
Já não acredito em sonhos
Vivo rodeada de medo...
A felicidade fugiu
Partiu para outro lugar
Até ela me mentiu
Dizia que junto de mim ia ficar!
O que me resta apenas
É a minha Solidão
Que mesmo sendo tão fria
Tão triste e tão vazia
É a única que ficou
Junto a mim...triste desilusão!
Era uma vez um menino, lindo, de olhos azuis, cabelos louros com caracóis, que vivia numa aldeia com os seus pais e irmãos.
Este menino chamava-se , Jorge, era o mais velho dos irmãos. O Jorge andava descalço, e assim andou até à idade de onze anos, pois os seus pais eram pobres, e não tinham dinheiro para lhe comprar uns sapatos.
O menino ia para a escola descalço, e no Inverno, sentia muito frio nos seus pezinhos .
Gostava de jogar à bola com os outros meninos, mas dava muitas "topadas", com os seus dedos dos pés nas pedras. Quando chegava a casa, a mãe ralhava, e lá lhe fazia uns curativos, com cal que raspava da parede, e a ligadura era uma teia de aranha!
Ah! Não vos contava que a bola deste menino, era feita com trapos e meias.
Os anos foram passando, e o menino Jorge todos os anos pedia ao Menino Jesus, que no Natal lhe trouxesse de prenda uns sapatos.
O Jorge sonhou muitos anos em ter uns sapatos, como os outros meninos.
Um dia, o menino, foi com seus pais à cidade, e viu numa montra de sapataria, umas "Botas de Cano".
Olhou para os pais, e a medo disse: - " Pai, Mãe, eu gostava tanto de ter umas botas de cano iguais aquelas, para calçar nos meus pezinhos !"
Ao que os pais responderam: - " Oh meu querido filho, nós não temos dinheiro para as comprar, mas vai pedindo ao Menino Jesus, quem sabe Ele poderá tas trazer como prenda do próximo Natal"!
O Jorge olhou uma vez mais para as botas de cano, e nessa noite sonhou que o menino Jesus lhe tinha lhas tinha trazido.
Nesse Natal, os pais do Jorge, juntaram-se em casa de uma família de amigos, para passarem juntos a consoada.
Os amigos dos pais do menino Jorge, tinham dois filhos e uma filha.
Junto da árvore de Natal, já lá estavam umas prendas embrulhadas.
O Jorge olhou para aquelas prendas, sem saber o que continham, mas reparou que pelo volume de um embrulho, lhe parecia seu o tal par de botas, que ele tanto desejava.
Ficou a pensar que, se calhar os pais tinham conseguido falar com o menino Jesus, e que tinha chegado o dia de ter as botas que tanto desejava.
Durante a ceia de Natal, o Jorge estava nervoso, mal comeu, sempre a olhar para aquela prenda e a pensar. - "São as minhas botas"!
Na altura de distribuírem as prendas, iam chamando pelos nomes, e cada vez o Jorge estava mais ansioso e inquieto por ouvir chamar pelo seu nome.
O tal embrulho, maior do que os outros, lá continuava...ainda não tinha sido distribuído por nenhum dos outros meninos.
Até que finalmente o senhor dono da casa, pega no embrulho e diz um nome, que não era o do Jorge.
O menino Jorge baixou a cabeça, ficou triste, chorou muito...muito!
Ainda não foi naquele Natal, que recebeu as suas tão desejadas "Botas de Cano"!
Durante mais dois anos, o menino Jorge continuou a pedir sempre como prenda de Natal, umas botas de cano, com as quais tanto sonhava e desejava.
Até que dali a três anos, já o menino Jorge ia a caminho dos onze anos ( fazia anos em Março), finalmente na noite de Natal, junto à árvore , lá estava outro embrulho maior do que os outros e era realmente as "Botas de Cano", para o menino Jorge!
Ele ficou tão feliz, que naquela noite levou para a sua cama, as suas botas, agarrando-as e dormiu abraçado a elas, a fim de ter a certeza que não se tratava de um sonho, mas que finalmente era realidade!
Este conto é verdadeiro.- O menino Jorge é o meu marido.
"Pão por Deus, por alma dos seus", era uma frase usada pelas crianças do meu tempo para irmos de porta em porta, com as nossas saquinhas feitas com retalhos, a fim de que as pessoas generosas, nos pusessem nas saquinhas guloseimas.
Durante muitos anos, fui pedir Pão por Deus, e naquele tempo, ninguém dava moedas...era uma raridade. O que nos davam, eram rebuçados (caseiros), castanhas, milho cozido e laranjas.
Nas freguesias, as casas abastadas de lavradores, davam abóboras, mugangos , milho, e batata doce.
Lembro-me que muitas crianças, diziam outra frase como slogan: "Soca vermelha, soca rachada, tranca no cú a quem não dá nada"!. Diziam a quem não lhes dava nada, mas eu tenho bem presente, que nunca usei esta expressão , pois os meus avós tinham-me ensinado a primeira, que era pedir Pão por Deus, por alma dos seus, e agradecer, a quem dava e a quem não dava.
É o Dia de todos os Santos, que se comemora na Igreja Católica, e para mim tem um sabor especial, por tudo isto que descrevi, e por recordar a minha infância!
Vou à missa, depois vou levar o Pão por Deus aos meus netos, tenho guloseimas, para dar às crianças, que vierem à minha porta pedir o seu Pão por Deus, e só não como castanhas, que gosto tanto, porque infelizmente não as posso comer, correndo risco de ter uma crise intestinal.
Só de olhar para esta foto, aguça-me o apetite e até lhes sinto o cheirinho!..