Eu, uma ANGRENSE de 63 anos de idade, e que amo muito a minha Mui Nobre Cidade de Angra do Heroísmo, assisti-me o dever, a moral e os bons costumes, de quando em vez fazer o "meu reparo", no que por aqui se faz; de bom e de mau!
No passado dia 21, sexta-feira, foi o início das Festas Sanjoaninas, começando com o Desfile de Abertura como é habitual.
Este ano o tema era "MAR DE EMOÇÕES", representando a alegria e emoção do seu povo, a importância das suas tradições, o resultado do seu trabalho, o amor à sua Terra.
Eu, por motivos de saúde, e concerteza muitos outros Terceirenses, por um motivo ou outro, vi a reportagem que foi transmitida pela RTP AÇORES, que diga-se em abono da verdade fez um óptimo trabalho.
Em frente à Sé, criaram um espaço, onde o Jornalista Vítor Alves ( prata da casa), fez várias entrevistas, e tanto o entrevistador como os entrevistados, estiveram à altura do acontecimento.
Destaco os dois entervistados que a meu ver, foram de máxima importância, não desmerecendo os restantes.
Foram eles o Historiador Dr. Paulus Bruno, e o artista plástico, Carlos Fagundes, que não sendo natural de cá, já vive nesta ilha há 19 anos, que deu asas á imaginação e corpo aos quatro carros e aos figurantes que fizeram parte deste mesmo Desfile.
Está visto que não foi ele sozinho, contou com muitos colaboradores, mas é ele que dá a cara, e ouve os comentários, nem sempre muito simpáticos...
No que me diz respeito, e como estava em casa, fiquei mais do que esclarecida, ,com o significado do motivo de cada Carro, e seus figurantes.
Mas...aqui fica o meu reparo!
Lembro-me perfeitamente e não preciso recuar há muito no tempo, em que durante todo o percurso do Cortejo, havia alguém, a relatar o significado de cada Carro, e eram postos altifalantes, nas artérias de Angra por onde é habitual passar este mesmo Cortejo; Rua da Sé, Rua de S. João Rua Direita e culminava na Praça Velha.
De a uns anos a esta parte esta boa prática desapareceu!
Ora vejamos.
Para a maioria dos Angrenses e Forasteiros e eram para cima de um milhar, pois a noite estava convidativa, não perceberam o significado do Cortejo, e como só era feita a Coreografia em frente à Sé, por motivos, que entendi perfeitamente, porque essa mesma coreografia era extensa e morosa, mas assim não entenderam a maioria.
Porque não fizeram uma prévia gravação, e colocavam nas esquinas das Ruas que já referi?
Dir-me-ão que os carros tinham a sua própria Banda Sonora, pois tinham, mas mal se ouviam, pois o pessoal que está nos passeios, conversam, uns balbuciam e outros falam alto...quase gritam, para se ouvirem uns aos outros.
Mas...havia uma outra solução, que também já foi usada, e quanto a mim funciona lindamente, que é fazerem panfletos explicativos, claro resumidamente, e distribuírem pelas pessoas!
Os CARROS estavam lindos, tinham imenso trabalho ( que não foi valorizado), e porquê?
Porque a maioria das pessoas não percebeu o seu significad, e não podemos levar a mal...
Por exemplo:o primeiro carro era a a popa de uma lancha, tendo como vela, uma enorme renda feita à mão, o Carro do Vulcão, não foi entendido como tal e quando os figurantes se agrupavam para fazerem a coreografia das lavas, saíam de dentro do cone do vulcão, a maioria não percebeu a coreografia.
O carro que trazia Santa Isabel, só em frente à Sé, pararam e apareceu os pãezinhos a serem distribuídos pelo povo, e a camareira levantava uma parte do vestido e por dentro tinha rosas.
Lembram-se de o Rei ter perguntado à esposa Isabel :-"Senhora que levai em vosso manto? E ela que era benfeitora levava o pão escondido para dar aos pobres, mas ela respondeu: São Rosas meu senhor!"
O Carro verde acrílico, e que trazia duas gaiolas dos toiros à corda, não foi entendido, que os verdes significavam os Cerrados do Paul, pois quando fizeram a coreografia, foi maravilhoso...mas infelizmente não foi entendido como tal.
O 4º e último Carro, que trazia a RAINHA, que vinha lindíssima, era um mar cheio de Gaivotas. Um carro com imenso trabalho, que infelizmente para a maioria, também não foi entendido!...
Nos figurantes de rua, destaco as jovens que vinham vestidas de Bandeiras do Espírito Santo, vestidos muito bem elaborados, e as flores que traziam nas coroas, na cabeça, foram todas feitas à mão, iguais às que se fazem para decorar as Verdadeiras Coroas do Divino Espírito Santo.
A minha alma ficou triste...porque já ouvi tantos comentários depreciativos, e choca-me a rivalidade entre Angrenses e Praienses, numa Ilha tão pequena.
Mas, quero lembrar aos PRAIENSES, que se a memória não me falha, há 14 anos atrás, fui ver um desfile nas Festas da Praia, em que os carros tinham sido feitos de ferro velho, retorcido e ferrugento...já não se lembram?
Têm a memória curta, ou não lhes convém?
Eu, felizmente tenho Memória de Elefante!
O "Meu Reparo", não pretende de forma alguma ser depreciativo, muito embora possa ser entendido (por alguns, não todos), é um reparo Construtivo, pois se há alguém que tem olhos na cara para VER, sou uma delas, e por AMAR muito a minha Cidade e apreciar e dar valor ao que de BOM por aqui se faz, eis porque achei que devia deixar estas palavras.
Para mim este Desfile foi mesmo um "MAR DE EMOÇÕES!"
Sou uma ANGRENSE orgulhosa de o SER!
CHICAILHEU